28.1.13

A tragédia de Santa Maria e o elo da sobrevivência


Não existe medida possível para a dor de perder entes queridos e amigos. As memórias desse desastre ocorrido em Santa Maria, no Rio Grande do Sul ficarão marcadas na consciência das pessoas próximas às vitimas, e curiosamente também na dos espectadores da tragédia.  Como podem os preconceitos do ser humano em relação à raça humana serem suplantados por um forte desejo de ajudar, de acolher os afetados direta e indiretamente pelo acontecimento? Como que por um passe de mágica, surge o autruísmo.
     Trata-se de um forte elo que une indiscriminadamente todos os seres humanos: o elo da sobrevivência. Suportamos assistir diversos tipos de flagelo que a vida impõe às pessoas sem perder um só segundo de sono, mas àqueles que condenam o direito de viver dedicamos nossa pena e assistencialismo imediatos. Nota-se que independe de conhecer as vítimas ou não, trata-se de ajudar pura e simplesmente por necessidade de livrar os envolvidos na tragédia do peso de sofrer, trata-se de ajudar sem receber absolutamente nada em troca. O ser humano compete com seu igual, rouba do seu igual, desliga-se do seu igual, mas mantém com ele o elo da sobrevivência. Acima de qualquer outra relação, está o subconsciente sentimento de espécie, o dever natural garantir a sobrevivência  à desgraças com consequências irreparáveis.
      Os nomes dos mortos e os rostos dos familiares e amigos, vítimas diretas da calamidade, desfilam nos noticiários, mas nenhum deles faz caso. Acima de qualquer mal que tenha feito esses sujeitos são seres humanos. Nada mais importa senão a espécie dos que habitam o epicentro desse acontecimento. Auxiliar é mais que um sono tranquilo, é um dever de cada ser humano.
       Por que é tão dificil ser assim o tempo todo? Por que somente a sobrevivência forma um elo tão forte, acima de toda forma de preconceito? Porque somente o medo primitivo e natural da solidão, do fim da espécie, da morte, pode despir o sujeito de todo o egocentrismo que ele carrega e leva-lo a ver o outro.
    Porque conscientemente não podemos ser humanos?

Autor :  Bruno Inacio Geraldi, 21 anos. Porto Alegre - RS.
Busca a realização pessoal, tal como qualquer um, mas diferentemente não busca ela de forma ostensiva, futurista, mas realizando-se a cada dia. 

Peço a deus que conforte o coração dos familiares e amigos por suas perdas .

2 comentários:

  1. Triste demais isso! Muito legal reservar um cantinho pra isso. Fiquei tão triste com tudo isso =(
    Sucesso no teu blog linda!

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    1. Pois é. Apesar de não ter perdido nenhum parente, a tragédia mexeu muito comigo.
      Obrigada pela visita, espero que volte mais vezes.
      Beijão ;*

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